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Ajuste do Fundeb pode comprometer reajuste de professores

Teacher and student in a classroom at school.

Segundo o presidente da AMA, Marcelo Beltrão, a orientação é que os gestores só iniciem as negociações salariais a partir deste mês

A publicação da portaria 229/2016 do MEC, que divulga o demonstrativo de ajuste anual da distribuição dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para o exercício de 2015, apresentou um valor quatro vezes inferior ao ano passado. Para os prefeitos, isso significa mais dificuldades para conseguir reajustar o piso dos professores da forma que eles merecem. A diminuição dos recursos, em contrapartida com o reajuste do Piso do Magistério, resulta em um déficit, inviabilizando a gestão nos Municípios.

Por meio desse demonstrativo, é divulgada a receita do Fundeb efetivamente realizada no ano anterior. Assim, a cada ano e sempre no mês de abril, é feito o ajuste da receita disponibilizada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios ao Fundeb em relação à previsão de receita anteriormente divulgada por portaria interministerial.

Segundo o presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Marcelo Beltrão, a orientação da Entidade é para que os gestores só iniciem as negociações salariais a partir deste mês, quando, efetivamente, vão saber o percentual da negociação. “Não há como iniciar esse processo com base no ano anterior e nem lançar essa receita no aumento da folha. É como jogar no escuro”, disse Beltrão.

Ainda com base nos dados da receita consolidada do Fundeb, também é divulgado o ajuste anual da redistribuição da complementação da União ao Fundo. Essa complementação é feita por débito ou crédito nas contas correntes específicas dos Fundos dos Estados e respectivos Municípios.

Ao mesmo tempo, é repassado aos Estados e Municípios beneficiados com a complementação da União ao Fundeb o valor correspondente a 10% do total dessa complementação que deveria ser destinado à integralização do piso salarial dos professores da educação básica. Em 2015, esse valor que a União indevidamente reteve do total da complementação ao Fundeb nos repasses mensais, corresponde a R$ 1,208 bilhão.

O valor mínimo nacional por aluno/ano dos anos iniciais do ensino fundamental urbano consolidado em 2015 foi de R$ 2.627,08. E, ainda de acordo com os dados publicados na Portaria 229/2016, o total de receitas efetivas do Fundeb no ano passado foi de R$ 132,9 bilhões.

Como os valores dos ajustes serão repassados até o fim do mês de abril, a AMA compartilha a orientação da CNM que os gestores municipais devem ter conhecimento dos valores de créditos ou débitos em suas contas, além de reorganizarem o planejamento municipal de Educação.

O Piso dos professores cresceu em média 87% nos últimos 8 anos e a receita do Fundeb 34% no mesmo período.  “Antigamente a gente pagava os professores e concedia abonos com o pagamento de 14º e até 15º salários com a sobra desses recursos. Hoje, a situação está ao contrário disso. Prefeitos já não conseguem mais pagar a folha e cumprir com o Piso”, finalizou.

Principal fonte de financiamento da educação básica pública, o Fundeb é formado por percentuais de diversos impostos e transferências constitucionais, a exemplo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Para a CNM, tanto a receita estimada do Fundeb para 2015, divulgada em novembro, quanto a estimativa para 2016, divulgada agora, estão baseadas em expectativas irreais. Em 2015, o desempenho da economia foi ruim, com redução da produção econômica, baixa arrecadação sobre a atividade econômica, inflação alta, problemas fiscais e externos. Para este ano, projeções e análises do cenário econômico também apontam as mesmas dificuldades e recessões.

Fonte: http://gazetaweb.globo.com/portal/noticia.php?c=7990