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Crise: prefeitos alagoanos decidem parar serviços por uma semana

Após mais uma queda no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), de 38% no mês de setembro, os prefeitos alagoanos decidiram para as atividades nos municípios por uma semana, a partir da próxima segunda-feira (14). A decisão foi tomada durante assembleia realizada na Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), na tarde desta sexta-feira (11).

Mais de 60 prefeitos, além de secretários e gestores dos municípios participaram da assembleia, marcada por longas discussões e apresentação de propostas. Venceu a que decidiu suspender os serviços, mantendo apenas urgência e emergência nos hospitais, além do funcionamento de  escolas e creches.

O presidente da Associação dos Municípios Alagoanos, Marcelo Beltrão, ressaltou que nunca foi a favor de paralisações, mas mudou de ideia diante dos cortes. “Nós entramos em setembro com o repasse do FPM com uma redução de 38%, comparado ao repasse do mesmo período no ano passado. Todos já esperávamos uma queda, mas foi muito maior. Nós temos que nos unir e buscar soluções. Então foi decidido, por maioria, fechar tudo por uma semana. Orientamos que os médicos e enfermeiros dos PSFs darão suporte nos hospitais. Além disso, também em votação, ficou decidido que as escolas não vão fechar”, disse Beltrão, que é prefeito da cidade de Jequiá da Praia.

Jorge Dantas, prefeito de Pão de Açúcar, lembrou aos presentes que apesar de a crise ser nacional, muita gente, principalmente nas cidades do interior, não sabem dos problemas. “Estou preocupado em dar satisfação a minha população. Hoje minha secretária de saúde ligou pra mim aos prantos porque não sabia como pagar o salarioo dos contratados e fornecedores. Hoje eu não penso em reeleição, mas quero estar bem com a minha população lá em Pão de Açúcar e acho que temos que tomar medidas drásticas”, disse o prefeito.

O prefeito do município de Ilha das Flores, em Sergipe, Cristiano Beltrão, que também faz parte da diretoria da Federação dos Municípios do Estado de Sergipe, participou da assembleia e disse que a situação dos municípios do estado vizinho chega a ser pior que Alagoas. “O pagamento do ICMS, que aconteceu todas as quartas, mudou de dia. A prefeitura de Aracaju está há dias sem fazer recolhimento de lixo. Estamos com 56 municípios pagando depois do dia dez. A situação está ruim para todos e estamos dispostos a nos unirmos  em uma mobilização na ponte que liga Alagoas a Sergipe”, disse o prefeito.


Discurso parecido foi adotado pelo prefeito de Penedo, Marcius Beltrão. Ele criticou a falta de gestão dos programas, por parte o Governo Federal. “Como vamos gerir os programas federais com o repasse que recebemos? O governo federal deveria cuidar dos programas deles. Se não tivéssemos isso as prefeituras estariam bem. Além de cobrir mais da metade dos custos, as prefeituras ainda ficam infladas de servidores”, criticou.
Durante as discussões que aconteceram antes da votação, alguns prefeitos sugeriram que a mobilização fosse realizada sem a paralisação dos serviços, a exemplo da prefeita de Mar Vermelho, Juliana Almeida. “O nosso eleitor está lá para se inspirar em nós. Se a gente fizer greve, qual a moral que eu vou ter para dizer a um professor que não faça greve? Ou a um médio que quer parar reivindicando aumento de salários? Temos que pensar em outra forma de mobilização”, defendeu a prefeita.

Apesar da paralisação ter sido decidida pela maioria dos gestores, alguns prefeitos avisaram que não iriam parar as atividades em seus municípios, a exemplo de Santa Luzia do Norte e Arapiraca. Como medida de enfrentamento da crise, Célia Rocha, disse ter iniciado um programa de enfrentamento com a negociação de dívidas do IPTU. “Anunciei um programa agora e não tenho condições de fechar não. Mas posso parar um dia e participar de todas as mobilizações”.

Fonte http://www.alagoas24horas.com.br/920349/em-assembleia-prefeitos-alagoanos-decidem-parar-servicos-por-uma-semana/